sexta-feira, 16 de março de 2012

O Profissional e o Violinista

Por Abraham Shapiro* 

Assisti a uma entrevista do violinista israelense Itzchak Perlman. Uma das perguntas foi: “Qual o segredo para se tornar um bom instrumentista?” 

A resposta: 

 “O segredo para ser bom em qualquer instrumento é: praticar, praticar e praticar. Um bom iniciante levará cerca de 2500 horas, à razão de 7 horas ao dia, para dar os primeiros passos. Depois, outras 15.000 horas para se tornar impressionante. Isto, com certeza, é um grande começo! 

 No entanto, a grandeza só vem de treinar com incrível afinco. Com um detalhe: a prática por si só não é garantia de sucesso. Depois de dominar o instrumento, aí o instrumentista deve cuidar também de desenvolver sua intuição e sensibilidade – que são itens importantes para uma interpretação autêntica. Um robô pode tocar um concerto de Mozart, mas sem qualquer sentimento. Assim também será com um instrumentista que só possui técnica”. 

Posicionamento preciso de um dos maiores violinistas de todos os tempos. 

 Quero pontuar algo que já virou minha marca registrada. Uma pessoa que acaba de conseguir um diploma universitário é profissional? Bem, se o curso que frequentou for reconhecidamente bom em relação à qualidade de professores, laboratórios de práticas, etc, tão logo ela tenha sido diplomada com um bom desempenho será apenas e tão somente uma profissional iniciante. Faltará a prática. Refiro-me àquilo que significa: “emprego repetitivo prático de tudo o que se aprende na teoria”. 

O que irá desenvolver sua expertise é o dia a dia focado nos problemas típicos de sua área de atuação, nos relacionamentos, na troca de ideias, na cooperação mútua, e em outros detalhes reais. 

Isto será apenas um bom começo. Sucesso? Estará muito longe ainda. 

 Diplomas, MBA, pós-graduações não são garantia alguma de bom profissionalismo. Num mundo onde a indústria do curso superior tornou-se, em muitos casos, um negócio do tipo “pagou, passou”, é ainda mais complicado acreditar em certificados. 

O verdadeiro profissional está acima disso. Bem acima. Ele tem desempenho a prestar. E não se trata de nota escolar. Não. Trata-se de algo real, palpável. Fechando com a ideia inicial, é como um violinista: toca ou não toca a partitura. Resolve problemas ou fica só no bla bla bla. 

A lição está contida numa ilustração. Papel de embrulho transforma qualquer porcaria em presente bonito. Depois de aberto, contudo, o papel sempre acaba no lixo. (*) É consultor e coach de líderes. Fonte: Profissão Atitude. 

Disponível em: http://albirio.com/2011/02/ - Acesso em 05/03/12.

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